A ponte Mauá, obra arquitetônica de grande valor simbólico e de integração entre o Brasil e o Uruguai, será o primeiro bem declarado Patrimônio Cultural do MERCOSUL, segundo o diretor geral da Comissão do Patrimônio Cultural da Nação (do Uruguai), Alberto Quintela. Ele também destacou o trabalho realizado pelas instituições patrimoniais do Brasil e do Uruguai para valorizar a ponte que une as cidades de Río Branco e Jaguarão.
A decisão é da VII Reunião da Comissão do Patrimônio Cultural do MERCOSUL, que reuniu representantes dos países do bloco em Montevidéu até o último dia 30 de maio. O diretor geral pediu que a reunião buscasse uma aproximação e o diálogo entre os países do bloco. Ainda, defendeu o “posicionamento da Comissão do Patrimônio Cultural do MERCOSUL no referido bloco regional, para alcançar um melhor diálogo com os diferentes atores das esferas patrimonial, social e turística”.
Quinzela destacou o trabalho prévio das instituições patrimoniais do Uruguai e do Brasil para classificar a Ponte Internacional Barão de Mauá, que une as cidades de Río Branco (no norte do Uruguai) e Jaguarão (no estado do Rio Grade do Sul). Neste sentido, o diretor mencionou que as autoridades brasileiras implementaram ações que permitiram proteger o centro histórico da cidade.
Além de Quintela, participaram do evento, dentre outros, a presidenta do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Jurema Machado, o presidente do Instituto do Patrimônio Cultural da Venezuela, Raúl Grioni, e representantes da Argentina, Chile e Colômbia.
A Ponte Internacional Barão de Mauá foi construída entre 1927 e 1930, após um tratado entre os governantes do Uruguai e do Brasil. Inaugurada em 1930, deve seu nome ao Barão e depois Visconde de Mauá. Apresenta 2112 metros de comprimento e 85 arcos. Assim que fora concluída, era a maior ponte da América do Sul, com a maior parte de sua estrutura em território uruguaio, na cidade de Río Branco. A ponte permite a circulação tanto de trens como de veículos, e foi declarada Monumento Histórico do Uruguai.
Fortalecer o patrimônio
A presidenta do IPHAN, Jurema Machado, declarou que a Ponte Mauá constituiria o primeiro bem reconhecido como Patrimônio Cultural do MERCOSUL. Considerou, também, que se trata de “uma obra simbólica que demanda uma série de medidas conjuntas de trabalho de conservação. É um bem comum que representa a integração cotidiana entre ambos os países.”
Machado citou outro projeto, relacionado às Missões Jesuíticas, que diz respeito aos dois países. Também mencionou a implementação do Centro Lúcio Costa, que será instalado no Rio de Janeiro, em colaboração da UNESCO, para a formação de profissionais em Patrimônio oriundos de países africanos de língua portuguesa.
A presidenta do IPHAN manifestou ainda que “temos que fortalecer as organizações (patrimoniais) de todos os países. Estamos passando por um processo de desenvolvimento muito rápido que interfere de modo muito forte em nossos centros históricos e cidades em geral. Patrimônio não é apenas conservação daquilo que é antigo. Devemos levar às sociedades a discussão sobre os modos de vida e conservação daquilo que se pode aprender com o passado. Especialmente neste momento de desenvolvimento, há muito em que pensar em termos de conservação do Patrimônio”.
Raúl Grioni, da Venezuela, sugeriu que se declare a Rota Libertária de Simón Bolivar como Patrimônio do MERCOSUL. Além disso, informará ao Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO dois lugares que foram postulados: a cidade localizada no limite do Rio Orinoco – a partir de onde Simón Bolivar propôs suas iniciativas de unificação latino americana – e Nueva Cádiz, na ilha de Cubagua, considerado a primeira vila fundada por espanhóis na América do Sul, em 1500.
Via elmundo.es